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Posse responsável, respeito e humanização são discutidos em audiência sobre violência contra animais
 
Ativistas na causa animal ainda foram homenageados


>>02/10/2019

Para discutir vários aspectos sobre o combate à violência contra os animais, a Câmara Municipal de Três Lagoas, por propositura do vereador Professor Flodoaldo, realizou audiência pública, na noite de terça-feira (1º). Foram realizadas palestras sobre o tema, com falas do vigário Sílvio Roberto da Silva, da paróquia São Francisco de Assis, da diretoria da Associação Protetoras de Três Lagoas, Vandressa Matias Borges, e do médico veterinário e professor, Fábio dos Santos Nogueira.

O vigário Sílvio Roberto da Silva, da paróquia São Francisco de Assis falou sobre o santo e sua trajetória de pregação do amor aos animais e disse que cada ser criado por Deus deve ser tratado como irmão. Para ele, agressão é como agredir aos homens, que muitas vezes tem os bichos como filhos. O vigário explicou que a perfeita harmonia entre todos traz a paz. Ele ainda fez convite para a que a população participe da missa e a benção aos animais, que ocorre na paróquia.

Vandressa Matias Borges, da diretoria da Associação Protetoras de Três Lagoas, falou sobre o trabalho da instituição, relatando que recebem cerca de 50 pedidos de ajuda para todo tipo de problemas com os animais, porém esbarram em muitas dificuldades físicas e financeiras, tanto para prestar socorro, quanto para fazer conscientização sobre a guarda responsável.

Ela explicou que também há muita falta de informação, negligência e problemas de saúde pública, como leishmaniose, aspectos que podem ser caracterizados como violência. Ela ainda descreveu inúmeros problemas de comportamento, de falta de cuidados, de irresponsabilidade de pessoas que têm animais e transferem os problemas para as voluntárias, como se fossem obrigadas a assumir a solução. Também falou sobre a necessidade de castração em grandes volumes, principalmente porque o número de animais de rua vem crescendo.

Vandressa informou que as Protetoras de Três Lagoas, têm como meta ter um local para tratamento dos animais, e não ter abrigo. Segundo ela, em lares temporários, o processo de adoção é mais rápido do que em abrigos. Também que necessitam de mais apoio público e social, para dar assistência médico-veterinária. "O problema não é só do poder público, mas do proprietário. A população precisa entender que não é só papel do poder público, mas do dono, que é responsável pelo animal", afirmou.

O médico veterinário e professor, Fábio dos Santos Nogueira, também falou sobre proteção animal, afirmou que é especialista em leishmaniose, mas que deve ser destacado que a proteção envolve o setor público, a mídia, a sociedade, a universidade, a igreja, os protetores, os proprietários, entre outros setores.

Fábio é responsável pelas pesquisas que levaram a mudanças na legislação brasileira, possibilitando o tratamento ao invés da eutanásia, obrigatória até há alguns anos, para animais com leishmaniose.

O profissional disse que todos os animais devem ser cuidados de forma a não ter fome, sede, desconforto, dor, ferimentos ou doenças, medo, estresse e restrições às suas características comportamentais. Todas estas situações podem ser consideradas, pela lei, atos de violência.

Fábio também falou sobre o projeto ARCA Brasil, projeto humanitário com veterinários voluntários, e relatou histórico sobre crueldade animal praticada em circos, rodeios e cultos religiosos, por exemplo, frisando a necessidade de mudanças de mentalidade e os trabalhos que a ARCA faz para isso.

Fábio disse que, como veterinário, atua para divulgar o controle populacional, a educação, a posse responsável e a prevenção de zoonoses. Falou da importância dos programas de castramóvel, serviço para atender a população. E ainda disse que vai se sentir realizado se os médicos veterinários trabalharem de forma diferente e comprometidos com a proteção animal, motivo pelo qual também trabalha. Sobre o controle da leishamiose, defendeu que o primeiro caminho é o controle da população.

A tribuna foi aberta ao coordenador do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), há um ano, Éverton de Oliveira Ottoni, o qual falou sobre as formas de atuação do órgão, principalmente para incentivar a posse responsável e para garantir direitos e cuidados com os animais. Para ele, o CCZ perfeito não teria nenhuma eutanásia, mas isso ainda não é realidade, devido à quantidade de animais abandonados em condições terminais de saúde.
Quanto à vacinação antirrábica, realizada no final de semana, afirmou que alcançou 80% mas ainda está sendo realizada, no CCZ e no Castramóvel.

Já sobre o Castramóvel, atuando há um ano, o coordenador informou que já teve 1,6 mil gatos e cães machos castrados.

O proponente da audiência, o vereador Professor Flodoaldo ainda entregou moções de congratulação a pessoas que se dedicam à causa animal: Rosilene Imili e Vandressa Matias Borges, da Associação Protetoras de Três Lagoas, Fábio dos Santos Nogueira, Éverton de Oliveira Otonni, Roberto Silva de Araújo, Patrícia Queiroz da Silva, Neusa Aparecida de Figueiredo e Marcia Aparecida Colette.

Flodoaldo também enalteceu a vida de São Francisco como um exemplo de amor aos animais que se pauta na espiritualidade e na grandeza humana. Ainda relatou sobre projetos de lei que já propôs na Câmara, com objetivo de regulamentar ações em benefício da causa animal: disponibilização de alimentos e água aos animais de rua em espaços públicos; obrigatoriedade de pets shops, clínicas veterinárias e estabelecimentos do ramo, de fixarem cartazem que facilitem e incentivem a adoção de animais; criação da Comenda São Francisco de Assis como reconhecimento a ativista na defesa animal; criação do programa cachorródromo, espaço público para cães; criação do Dezembro Verde, para reflexão sobre o abandono de animais; instituição do Dia Municipal da Adoção, Proteção e Bem-Estar dos animais e Semana Municipal da Adoção, Proteção e Bem-Estar dos Animais; criação de programa de valorização dos protetores animais.



 
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