O Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, foi lembrado em sessão especial pela Câmara Municipal de Três Lagoas, com a presença dos vereadores, da prefeita Simone Tebet e de representantes da comunidade, além de artistas que fizeram apresentações alusivas à condição do negro. A data festiva foi complementada com a outorga do título de cidadão três-lagoense a Jorge Silva, ferroviário aposentado e diácono da igreja Nossa Senhora Aparecida que há 60 anos está no município e trabalha junto à comunidade católica.
A abertura da sessão foi realizada pelo instrumentista José da Harpa, que tocou o Hino Nacional. Em suas falas, os vereadores destacaram a importância de lembrar a data, na perspectiva de diminuir a discriminação que a raça negra ainda sofre no País e de comemorar as conquistas sociais que já foram alcançadas. Outras questões frisadas pelos vereadores foram a representatividade que os negros têm no desenvolvimento e na formação do Brasil, a necessidade da igualdade entre as raças e da diminuição da intolerância.
Lembrando que a Câmara Municipal tem três vereadores negros, os parlamentares disseram acreditar que a sociedade três-lagoense não nutre profundo preconceito, mas todos concordaram que são necessários mais avanços para que o País alcance o desenvolvimento pleno.
A prefeita Simone Tebet disse que a Câmara estava fazendo a vontade do povo, ao comemorar o Dia da Consciência Negra. “Cerca de 90% dos brasileiros têm pelo menos uma gota de sangue negro correndo em suas veias”, afirmou.
Ela destacou que os investimentos feitos na área de educação, no município, são um dos meios de se combater a discriminação, ao oferecer condições para que todas as pessoas possam ter boa formação e, em conseqüência, mais chances de colocação social. Simone Tebet ainda prometeu realizar um festival da cultura negra, no próximo ano, como meio de homenagear a comunidade.
O empresário José Lopes, ex-prefeito de Três Lagoas, fez pronunciamento em nome da comunidade negra, ressaltando que o preconceito, mesmo que velado, ainda resiste no País. O poeta Célio de Barros declamou a poesia “Navio Negreiro”, de Castro Alves, obra que relata o sofrimento dos africanos trazidos ao Brasil para serem escravizados e o cantor e compositor Sérgio Pinicuta apresentou o samba-enredo do bloco Os Pagodeiros Somos Nós, para o Carnaval 2008, música que também tem como tema a situação do negro frente à segregação.
Cidadão três-lagoense
O título de cidadão, assim como a sessão especial, foi uma proposta do vereador Cláudio César (PMDB). Segundo o vereador, a entrega da homenagem e a comemoração do Dia da Consciência Negra ocorreram juntas por coincidência, já que a indicação de Jorge Silva havia ocorrido anteriormente por ele ser considerado um exemplo de vida como “bom pai, bom amigo e bom cidadão”.
Simone Tebet e os vereadores reafirmaram o respeito que toda a sociedade tem pelo homenageado, que é pai de quatro filhos e avô de sete netos.
“Não existe raça superior. Todos fomos colocados no mundo para viver o aspecto amoroso. Todos somos criaturas de Deus. Os negros têm suas características próprias, canta, brinca, conta piada, é do povo. Somos felizes porque somos filhos de Deus”, afirmou o aposentado. Ele disse que hoje o preconceito é menor que há alguns anos e confessou que nunca teve vontade de denunciar as discriminações que sofreu. “Deus resolve tudo e muito bem. Na hora certa, os espaços serão abertos”, disse acreditar.
O padre Rogério, da paróquia Nossa Senhora Aparecida, também falou a respeito do novo cidadão três-lagoense: “O seo Jorge é um testemunho vivo do Evangelho que Jesus Cristo deixou para a humanidade”, frisou.
A família do aposentado acompanhou a solenidade emocionada. Também estiveram presentes pessoas destacadas na comunidade negra três-lagoense.
